Nem todos vivenciam o autismo da mesma forma. Alguns sinais precoces podem ser negligenciados ou diagnosticados incorretamente em meninas.

Então, as meninas autistas se comportam de maneira diferente?

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode resultar em diferenças na comunicação, interação social, processamento de informações e comportamento.

Normalmente, meninos e homens têm mais chances de receber o diagnóstico.

No entanto, novas pesquisas sugerem que isso pode não se dever a uma menor prevalência de autismo em mulheres, mas sim a padrões comportamentais diferentes que muitas vezes passam despercebidos.

Sinais de autismo em mulheres e meninas

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5) não fornece uma lista separada de sinais de autismo em mulheres e homens.

Em vez disso, a lista de critérios para diagnóstico é usada para todos:

• Desafios persistentes na comunicação e interação social, incluindo reciprocidade emocional, comportamentos não verbais e a capacidade de entender e manter relacionamentos

• Movimentos motores ou sons repetitivos

• Dificuldade em se adaptar a mudanças ou preferência por rotinas e rituais constantes

• Lista restrita de interesses com curiosidade intensa ou foco neles

• Reações baixas ou altas a estímulos sensoriais, ou interesse intenso em aspectos sensoriais do ambiente

• Essas diferenças levam a desafios significativos nas áreas sociais, acadêmicas ou ocupacionais da vida

• Essas diferenças estão presentes desde os estágios iniciais do desenvolvimento

• Mesmo que o autismo coexista com deficiência intelectual, essas diferenças não são explicadas por isso ou por atrasos no desenvolvimento

O autismo é um transtorno do espectro. Isso significa que essas diferenças podem ser mais ou menos marcadas em algumas pessoas. Elas também podem variar conforme a situação e mudar ao longo do tempo.

Agora iremos ver as diferenças no autismo em mulheres e meninas.

Diferenças no autismo em mulheres e meninas

O autismo em mulheres e meninas pode se manifestar de maneira diferente, diz Sharon Kaye-O’Connor, assistente social clínica licenciada na cidade de Nova York.

“Sabemos que meninas e mulheres são frequentemente habilidosas em mascarar ou camuflar seus traços autistas, por isso podem não receber um diagnóstico muito mais tarde,” explica.

Entenda melhor lendo nosso blog sobre —> Masking e autismo: o que é?

Outros comportamentos também podem apontar para diferenças no autismo em mulheres, especialmente para aquelas que têm inteligência média ou acima da média.

Espelhamento

Meninas e mulheres autistas podem ser mais propensas do que meninos a copiar maneirismos, padrões de fala ou personalidades de outras pessoas, diz Kaye-O’Connor.

“Às vezes, essa forma de mascaramento é automática e instintiva, e a pessoa autista pode nem perceber que está copiando os outros.”

Consciência social

Meninas e mulheres autistas podem ser mais conscientes socialmente, no geral, do que seus colegas masculinos.

Elas podem ter uma maior capacidade de manter relacionamentos com outras pessoas e ajustar seu comportamento de acordo com o que é necessário ou esperado delas em um determinado contexto social.

Hiperempatia

Empatia é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa e entender o que ela pode estar sentindo ou vivenciando. Hiperempatia é uma versão elevada disso.

“Fora dos traços listados formalmente no DSM-5, sabemos que um traço como a hiperempatia pode ser uma experiência comum entre pessoas autistas,” diz Kaye-O’Connor.

“Esse traço muitas vezes leva pessoas autistas, particularmente mulheres, a profissões de cuidado, como trabalho social, enfermagem e psicoterapia.”

Retraimento social

Meninas e mulheres autistas podem tender a ter um estilo de comunicação mais direto, o que pode parecer brusco, diz Tasha Oswald, PhD, psicóloga licenciada em Palo Alto, Califórnia.

“Elas podem fazer uma observação que parece inofensiva para elas, mas a outra pessoa a toma como um insulto. Isso é muito confuso para uma menina autista que tem boas intenções,” explica.

“Ela pode aprender a se retrair porque é mais seguro do que a dolorosa experiência de compartilhar seus pensamentos e ser mal interpretada.”

Comportamento de agradar as pessoas

Quando meninas e mulheres autistas expressam seus sentimentos, elas podem ouvir várias coisas invalidantes, em vez de receberem apoio, diz Asha Oswald, PhD, psicóloga licenciada em Palo Alto, Califórnia.

Por exemplo:

• “Você é muito sensível.”
• “Pare de exagerar.”
• “Por que você não pode ser mais como…”

“Eles podem começar a sentir vergonha e acreditar que há algo errado com elas. Em vez de serem aceitas pelo que são, são instruídas a agir normalmente, serem boas meninas ou serem socialmente adequadas,” diz Asha Oswald, PhD, psicóloga licenciada em Palo Alto, Califórnia.

“Para se sentirem aceitas pelos outros, meninas e mulheres autistas tendem a se tornar extremamente agradáveis às pessoas e mascarar seu verdadeiro eu.”

Agora que entendemos as diferenças do autismo em meninas e mulheres, vamos explorar se o autismo é menos diagnosticado em meninas e mulheres.

O autismo em mulheres e meninas é menos diagnosticado?

Pesquisas mostram que o autismo em mulheres tende a ser diagnosticado em idades mais avançadas do que em meninos, em parte devido aos critérios diagnósticos serem modelados em torno do comportamento masculino.

Ainda há um estereótipo sobre como o autismo “parece”, o que pode dificultar a identificação dos sinais em meninas e mulheres.

Além disso, como as mulheres parecem ser melhores em mascarar e camuflar seus sintomas e são menos propensas a seguir as mesmas rotinas que os homens autistas, elas podem ser mais propensas a receber diagnósticos diferentes ou nenhum diagnóstico.

O transtorno do espectro autista é considerado mais comum entre meninos, mas novas pesquisas sugerem que isso pode ser devido aos especialistas ignorarem características estruturais e comportamentais únicas no autismo em mulheres.

Enquanto mais pesquisas são necessárias para determinar as exatas diferenças entre os sexos, mulheres autistas parecem ser mais adeptas em internalizar ou camuflar seus sintomas, estabelecer relações recíprocas e desenvolver interesses e rotinas neurotípicas (não autistas).

Esses recursos podem ajudar se você estiver interessado em aprender mais sobre o autismo e o autismo em mulheres.