Você já ouviu falar de mutismo seletivo? Apesar do nome parecer complicado, ele descreve algo mais comum do que a gente imagina, especialmente em algumas crianças. E você sabia que o mutismo seletivo pode ter uma ligação com o autismo?
Vamos entender como essas duas condições podem se relacionar.
O Que é Mutismo Seletivo?
O mutismo seletivo é um transtorno de ansiedade que impede a criança de falar em algumas situações.
Em casa, no conforto da família, tudo parece normal, ela conversa, ri e se expressa. Mas quando chega em outros ambientes, como a escola ou lugares públicos, ela não consegue dizer uma palavra. Isso não acontece porque ela não sabe falar, mas sim porque a ansiedade acaba bloqueando a comunicação.
Mesmo sem falar, essas crianças podem se comunicar de outras formas, como com gestos, expressões faciais, ou até escrevendo.
O importante é entender que a dificuldade não está na fala em si, mas no contexto em que a comunicação é esperada.
Veja nosso blog sobre –→ O que Saber Sobre Autismo Não Verbal.
Mutismo Seletivo Tem Cura?
Quando falamos de “cura”, talvez não seja a melhor palavra, mas sim “superação”. O mutismo seletivo pode ser superado com o tratamento certo e o apoio necessário.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um dos métodos mais utilizados, pois ajuda a criança a enfrentar, aos poucos, os medos que a fazem ficar em silêncio. Com o tempo, a confiança aumenta e as palavras começam a fluir naturalmente.
O objetivo do tratamento não é apenas “fazer a criança falar”, mas sim oferecer um ambiente onde ela se sinta segura para ser ela mesma.
Cada pequeno avanço é uma grande conquista, e é isso que faz a diferença no desenvolvimento da criança.
Como Tratar o Mutismo Seletivo?
O tratamento do mutismo não é único e pode variar de criança para criança. Geralmente, a TCC é bastante eficaz, pois ajuda a lidar com a ansiedade e a encarar as situações sociais de forma gradual.
Além da TCC, o fonoaudiólogo desempenha um papel essencial ao criar um ambiente seguro e desenvolver estratégias que incentivem a comunicação.
Os pais e professores também têm um papel importante nesse processo. Eles precisam entender o que está acontecendo e oferecer suporte de maneira tranquila e sem pressão, estimulando a criança a se comunicar sem medo.
Mutismo Seletivo em Adultos
Embora o mutismo seletivo seja mais comum em crianças, ele também pode se manifestar em adultos. Às vezes, quando não tratado durante a infância, o transtorno acaba seguindo para a vida adulta, afetando tanto o ambiente profissional quanto as relações sociais.
A TCC continua sendo eficaz para adultos, ajudando-os a enfrentar a ansiedade e se expressar em situações sociais.
Em alguns casos, o uso de medicamentos também pode ser indicado para auxiliar no controle da ansiedade.
Mutismo Seletivo e Autismo: Qual a Ligação?
O mutismo e o autismo são condições distintas, mas que podem ocorrer juntas. Muitas crianças autistas enfrentam dificuldades em se comunicar, e isso pode levar ao desenvolvimento do mutismo seletivo.
Estudos apontam que até 30% das crianças autistas podem apresentar mutismo seletivo em algum momento.
No caso do autismo, as dificuldades de comunicação são mais amplas e afetam várias situações, enquanto no mutismo seletivo o problema aparece apenas em contextos específicos, como na escola ou em encontros sociais.
Por isso, entender essa ligação é essencial para oferecer um suporte mais eficaz e personalizado, garantindo que a criança consiga lidar com as dificuldades de comunicação da melhor forma possível.
Mutismo Seletivo CID
No Código Internacional de Doenças (CID), o mutismo seletivo é identificado como F94.0. Ele se refere à dificuldade de falar em contextos sociais específicos, mesmo que a criança consiga se expressar normalmente em outros lugares, como em casa.
O mutismo seletivo pode ser um desafio, especialmente quando associado ao autismo. No entanto, com paciência e suporte adequado, é possível avançar bastante e ajudar a criança a se expressar.
Cada progresso, por menor que seja, é uma conquista enorme.
A presença dos pais, dos professores e de profissionais especializados é importante para transformar essa barreira de silêncio em uma voz cheia de histórias e experiências para compartilhar!