A dieta sem glúten tem ganhado cada vez mais espaço, especialmente entre famílias com membros que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA). A grande questão é: será que cortar o glúten da alimentação realmente impacta o comportamento das pessoas com autismo?
Enquanto alguns pais juram de pés juntos que notam mudanças positivas, como melhora na atenção ou até uma redução em crises nervosas, a ciência ainda está dividida. Porém, uma coisa é clara: muitas pessoas com autismo lidam com questões gastrointestinais, e isso levanta a dúvida se o glúten pode estar envolvido.
Neste blog, vamos entender o que está por trás dessa teoria, o que os estudos já mostraram e como a dieta sem glúten pode ou não fazer diferença no dia a dia de quem está no espectro.
O Que é a Dieta Sem Glúten?
Primeiro, vamos ao básico. Quando falamos de dieta sem glúten, estamos falando de cortar qualquer alimento que tenha essa proteína, que é comum em grãos como trigo, cevada e centeio. E por que as pessoas fazem isso?
Bom, a razão mais comum é a doença celíaca, onde o corpo reage de forma agressiva ao glúten, causando problemas no intestino e em outras partes do corpo.
Tem também a sensibilidade ao glúten, que não é uma alergia ou doença autoimune, mas pode causar sintomas desconfortáveis como dor abdominal e fadiga.
Agora, como isso se conecta com o autismo? A hipótese é que muitas pessoas com TEA apresentam problemas gastrointestinais, e que o glúten pode estar relacionado a isso.
Mesmo que o autismo em si não esteja ligado diretamente à sensibilidade ao glúten, essas questões digestivas levantam a possibilidade de que uma dieta sem glúten possa trazer algum alívio.
Como a Dieta Sem Glúten Ganhou Espaço no Autismo?
Não foi da noite pro dia que a dieta sem glúten começou a ser considerada por famílias de pessoas com autismo. Essa teoria começou a surgir quando os pais notaram que seus filhos no espectro apresentavam melhoras comportamentais depois de cortarem o glúten da alimentação.
Essas observações acabaram levando os cientistas a investigar se existia, de fato, alguma conexão.
Estudos começaram a ser feitos para entender melhor essa relação. Algumas pesquisas mostraram que pessoas com autismo têm uma tendência maior a desenvolver problemas gastrointestinais, como dor abdominal e inchaço.
Isso pode indicar que, pelo menos para algumas delas, o glúten pode ser um gatilho.
A Ciência Por Trás da Dieta Sem Glúten e o Autismo
É aqui que as coisas ficam mais complexas. Existem estudos que sugerem que a dieta sem glúten pode ajudar a reduzir sintomas comportamentais em pessoas com autismo, mas outros estudos dizem não haver evidência suficiente para recomendar essa dieta como um tratamento padrão. Isso significa que, até agora, os resultados são mistos.
Um estudo interessante de 2016, publicado no World Journal of Pediatrics, analisou 80 crianças com autismo. Metade delas foi colocada em uma dieta sem glúten, enquanto a outra metade continuou comendo alimentos que contêm glúten.
Os resultados mostraram que as crianças que seguiram a dieta sem glúten apresentaram uma redução significativa nos problemas gastrointestinais e uma leve melhora nos comportamentos ligados ao autismo.
Por outro lado, outro estudo de 2013, feito por pesquisadores de Harvard, não encontrou uma conexão clara entre a dieta e melhoras comportamentais.
Eles concluíram que mais pesquisas são necessárias para afirmar qualquer coisa com certeza.
Quais São os Benefícios Relatados Pelos Pais?
Embora a ciência ainda esteja dividida, muitos pais relatam melhorias significativas após introduzirem a dieta sem glúten na rotina dos filhos. Eles falam sobre maior atenção, menos irritabilidade, e até uma melhora no sono.
É importante lembrar, no entanto, que esses relatos são muito individuais. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.
Para muitos pais, a dieta sem glúten também se torna uma maneira de melhorar a saúde intestinal de seus filhos.
Visto que muitas crianças com autismo têm problemas digestivos, tirar o glúten pode ser uma tentativa de aliviar esses sintomas.
Mesmo que as evidências científicas ainda não sejam conclusivas, muitos veem valor em testar essa abordagem.
O Que Dizer Sobre os Riscos?
Uma dieta sem glúten, se não for bem planejada, pode acabar privando a pessoa de nutrientes essenciais. Isso vale para qualquer dieta restritiva, por isso, é sempre recomendado que um nutricionista acompanhe o processo.
Especialmente no caso de crianças com autismo, que muitas vezes já têm uma dieta restrita ou seletiva, cortar mais alimentos sem acompanhamento pode não ser a melhor solução.
Outro ponto importante é a frustração que pode surgir ao ver que a dieta sem glúten não funcionou. Com tantos relatos positivos circulando por aí, é fácil criar expectativas altas, e quando elas não são atingidas, pode ser decepcionante.
Por isso, é essencial entrar nessa com uma visão equilibrada e com apoio profissional.
Como Introduzir a Dieta Sem Glúten?
Se você está considerando tentar a dieta sem glúten, o primeiro passo é conversar com o médico ou nutricionista da pessoa com autismo.
Eles podem orientar sobre como fazer isso de maneira saudável e sem comprometer a nutrição.
Além disso, existem muitos alimentos disponíveis no mercado que são naturalmente sem glúten, como arroz, batata, milho e carnes.
É possível encontrar também pães e massas sem glúten, embora nem todos tenham o mesmo sabor ou textura dos produtos tradicionais.
Lembre-se de que a mudança pode ser desafiadora, especialmente se a pessoa com autismo for seletiva com a comida. Introduza os novos alimentos de maneira gradual e tenha paciência.
Veja nosso blog –→ Atividades da Vida Diária (AVD).
O Veredito Final
A relação entre o glúten e o autismo ainda está longe de ser completamente entendida. Enquanto algumas famílias veem mudanças significativas, outras não percebem muita diferença.
O importante é lembrar que cada pessoa é única e o que funciona para um pode não funcionar para outro.
Se você está pensando em testar a dieta sem glúten, faça isso com cautela e sempre com o acompanhamento de um profissional de saúde.
No final das contas, a chave é encontrar o que funciona melhor para o seu filho ou filha e garantir que todas as suas necessidades nutricionais sejam atendidas.