Você já parou para pensar em como pequenos sons do dia a dia, como o ruído de uma mastigação ou o som repetitivo de uma caneta batendo, podem ser extremamente perturbadores para algumas pessoas?
No caso da Misofonia, esses sons podem desencadear reações emocionais e físicas intensas.
Para quem está no espectro do autismo, essa sensibilidade auditiva é ainda mais frequente, impactando a maneira como essas pessoas interagem com o mundo ao seu redor.
Neste texto, veremos o que é Misofonia, seus sintomas, como ela afeta o Desenvolvimento do TEA (Transtorno do Espectro Autista), e as opções de tratamento que podem melhorar a qualidade de vida de quem convive com esse distúrbio.
O Que é Misofonia?
Também chamada de Síndrome de Sensibilidade Seletiva ao Som (4S), é um distúrbio neurológico que leva a uma aversão intensa a determinados sons.
Enquanto para a maioria das pessoas esses ruídos podem passar despercebidos, para quem tem Misofonia, eles podem desencadear reações emocionais extremas, como raiva e ansiedade.
Os sons mais comuns que causam desconforto incluem:
- Mastigação;
- Respiração;
- Teclados sendo digitados;
- Sons repetitivos, em geral.
Para quem está no espectro do autismo, essa condição pode ser ainda mais intensa, já que muitos autistas apresentam hipersensibilidade auditiva.
Isso significa que sons que parecem comuns para a maioria das pessoas pode soar extremamente altos ou perturbadores para elas, exacerbando os sintomas da Misofonia.
Sintomas da Misofonia
Eles se manifestam quando a pessoa ouve sons que desencadeiam uma resposta emocional forte. Aqui estão alguns dos sinais mais comuns:
- Irritação e raiva imediata;
- Ansiedade crescente ao ouvir certos sons;
- Necessidade de se afastar rapidamente do ambiente;
- Isolamento para evitar exposição aos sons que causam desconforto.
Esses sintomas podem tornar o convívio social mais complicado, afetando a interação no trabalho, na escola e em casa.
Muitas vezes, amigos e familiares podem ter dificuldades em entender o impacto desses sons, o que torna a convivência um desafio.
Qual a Relação com o Autismo?
Embora não sejam a mesma condição, elas estão fortemente relacionadas, especialmente por conta da hipersensibilidade auditiva presente em pessoas no espectro autista.
Estudos indicam que entre 56% e 80% das pessoas com autismo apresentam alguma forma de sensibilidade auditiva exacerbada.
Essa sensibilidade pode transformar sons simples, como o barulho de uma pessoa mexendo em objetos, em algo extremamente perturbador para quem vive com Misofonia.
Além disso, a Misofonia se enquadra dentro de um grupo de condições conhecidas como Transtornos de Processamento Sensorial, que afetam como o cérebro interpreta os estímulos vindos dos sentidos.
O Que Provoca a Misofonia?
A causa exata da Misofonia ainda não é totalmente conhecida, mas acredita-se que ela esteja relacionada a uma conexão hiperativa entre as áreas do cérebro responsáveis por processar sons e emoções.
Pesquisas sugerem que, para quem tem Misofonia, os sons gatilhos ativam intensamente essas áreas, gerando respostas emocionais desproporcionais.
Estudos também indicam uma possível componente genético, já que muitas pessoas relatam ter familiares com os mesmos sintomas.
Além disso, experiências negativas envolvendo sons na infância podem influenciar o desenvolvimento da Misofonia ao longo da vida.
Existe Tratamento para Misofonia?
Embora não exista uma cura definitiva para Misofonia, diversas intervenções podem ajudar a aliviar os sintomas.
Algumas das mais eficazes incluem:
- Fones de ouvido com cancelamento de ruído, para bloquear os sons incômodos;
- Adaptações ambientais, como criar espaços com menos ruído e menos luz;
- Terapia ocupacional, que trabalha com a integração sensorial, ajudando a pessoa a processar os estímulos de forma menos invasiva.
A Misofonia pode parecer um distúrbio simples, mas tem um impacto profundo na vida de quem convive com ela, principalmente para quem está no espectro do autismo.
A compreensão e o apoio das pessoas ao redor, além de tratamentos adequados, podem fazer toda a diferença no manejo dos sintomas, melhorando significativamente a qualidade de vida.
Um acompanhante terapêutico pode ajudar bastante, oferecendo apoio emocional e sugerindo estratégias práticas para lidar com crises causadas pela misofonia, garantindo um ambiente mais tranquilo e adaptado.