Já ouviu falar da Escala M-CHAT? Se você está buscando mais informações sobre autismo, provavelmente já se deparou com esse nome. A M-CHAT é uma escala de rastreio muito usada pelos profissionais da saúde para identificar sinais precoces de autismo em crianças pequenas.
Recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, ela ajuda a detectar possíveis sinais de Transtorno do Espectro Autista (TEA) de maneira prática e acessível.
O autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento que não pode ser diagnosticado por exames laboratoriais, ou seja, não há um “teste” definitivo para saber se uma criança está no espectro.
No entanto, escalas como a M-CHAT são ferramentas muito úteis para detectar sinais de alerta e iniciar o processo de diagnóstico precoce. Vamos entender melhor como funciona?
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O Que é a Escala M-CHAT?
A Escala M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers) foi desenvolvida para rastrear sinais de autismo em crianças de 16 a 30 meses de idade.
Trata-se de um questionário com 23 perguntas, que podem ser respondidas com “sim” ou “não”. As perguntas abrangem áreas importantes do desenvolvimento infantil, como:
- Contato visual;
- Resposta ao nome;
- Habilidades de comunicação e linguagem;
- Interação social;
- Brincadeiras imaginativas.
Ela é bastante usada porque é fácil de aplicar e permite que tanto famílias quanto profissionais da saúde façam uma primeira avaliação do desenvolvimento da criança.
Mas, é importante lembrar: a Escala M-CHAT não é um diagnóstico de autismo, ela apenas indica se há risco e se é necessário buscar uma avaliação mais detalhada com um especialista.
Como a M-CHAT Foi Criada?
A primeira versão da escala foi desenvolvida em 1999 por Diana Robins, Deborah Fein e Marianne Barton, baseada em uma versão anterior chamada CHAT (Checklist for Autism in Toddlers).
Desde então, a M-CHAT passou por algumas modificações para torná-la mais precisa e fácil de ser aplicada.
Ela é uma ferramenta amplamente validada por estudos científicos e é considerada uma das melhores formas de identificar sinais precoces de TEA.
Mas, mesmo sendo uma excelente ferramenta, ela é apenas o primeiro passo no processo de diagnóstico, que deve ser feito por profissionais especializados, como psicólogos ou psiquiatras.
Como Funciona a Escala M-CHAT, na Prática?
A aplicação da Escala M-CHAT é super simples.
O questionário tem 23 perguntas e aborda comportamentos comuns e atípicos em crianças pequenas, focando na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos.
Depois de responder às perguntas, os resultados são classificados em três níveis de risco:
- Baixo risco (pontuação de 0 a 2): A chance de autismo é baixa, mas é importante ficar atento ao desenvolvimento da criança. Caso ela tenha menos de 2 anos, é recomendável repetir o teste em alguns meses.
- Risco moderado (pontuação de 3 a 7): Neste caso, é necessário que um profissional da saúde analise com mais profundidade. O acompanhamento mais detalhado pode ajudar a identificar o que está por trás dos sinais.
- Risco alto (pontuação de 8 a 20): Essa pontuação indica um alto risco de autismo. O próximo passo é marcar uma consulta com um especialista em autismo, como um neuropediatra ou psiquiatra infantil, para confirmar ou descartar o diagnóstico.
Mesmo se o teste indicar baixo risco, se a família tiver preocupações, é sempre válido buscar uma avaliação mais detalhada.
Afinal, cada criança com TEA é única, e os sinais podem variar bastante.
Por Que É Importante Detectar os Sinais Precocemente?
A identificação precoce dos sinais de autismo pode fazer toda a diferença no desenvolvimento da criança.
Quanto mais cedo se inicia o acompanhamento e as intervenções necessárias, maiores são as chances de a criança desenvolver habilidades sociais, comunicativas e cognitivas.
Isso está diretamente ligado à neuroplasticidade do cérebro, que é a capacidade que ele tem de se adaptar e aprender a partir de estímulos.
As crianças pequenas, especialmente até os 3 anos, têm uma neuroplasticidade muito maior, o que permite que elas se beneficiem mais das intervenções precoces.
A Escala M-CHAT no SUS: Agora É Obrigatória!
Uma nova proposta pode tornar a Escala M-CHAT obrigatória no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Projeto de Lei 443/24, de autoria do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), busca garantir que todas as crianças entre 16 e 30 meses sejam avaliadas por meio desse teste, facilitando a identificação precoce de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Segundo o deputado, a Escala M-CHAT é uma ferramenta simples e de fácil aplicação, o que não geraria um impacto significativo no sistema de saúde.
Pelo contrário, ele destaca que o diagnóstico e as intervenções precoces podem reduzir custos no longo prazo, principalmente relacionados à saúde, educação especializada e suporte social.
Atualmente, o projeto está em tramitação e será analisado por diversas comissões da Câmara dos Deputados, incluindo as de Saúde, Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Finanças e Tributação, além da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.